Visitas da Casa de Garrett
O mistério da casa de Garrett
Carlos Medina-Ribeiro
Quando comecei a ler as histórias de Sherlock Holmes, interroguei-me acerca da existência, ou não, da tal Baker Street, a rua onde o herói residia. Quando vim a saber que sim, a minha curiosidade passou a ser mais detalhada: então e o nº 221-B? Como seria?
Mas afinal não havia qualquer mistério, pois no tempo de Conan Doyle a rua acabava muito antes e o problema não se punha. Só que, com o decorrer dos anos, não só passou a existir esse Nº 221, como muitos outros prédios se lhe seguiram.
Foi, pois, com um misto de curiosidade e emoção que, da última vez que fui a Londres, me dirigi a essa zona. E qual não foi a minha surpresa quando vi que tudo em volta estava feito para tirar partido do mito - nomeadamente o comércio de recordações, como é típico dos ingleses, que sabem dar valor ao que têm.
Mas a surpresa maior ainda estava para vir:
Pouco adiante do verdadeiro 221, tinha sido «feita» a casa de Sherlock Holmes! Exactamente! Uma verdadeira casa vitoriana fora convertida em casa-museu, com tudo (mas absolutamente tudo) o que se possa imaginar, desde uma senhora vestida de Sra. Hudson (a governanta do detective, que me recebeu!) até aos inúmeros objectos referidos na obra - incluindo o inevitável violino!
Na altura, ainda em Portugal não estávamos a viver a incrível rábula da Casa de Garrett, «100% simétrica» desta; de contrário, o fenómeno seria um bom mistério para colocar ao famoso detective.
Mas também convém ter algum realismo: movendo-se Sherlock Holmes sempre no mundo da lógica, será que algum dia conseguiria resolver esse estapafúrdio problema tão português?
Publicado no jornal "metro" em 9 Janeiro 2006 (com os cortes indicados em itálico). Uma versão mais completa foi publicada ontem, dia 13, no PÚBLICO/Local.
Carlos Medina-Ribeiro
Quando comecei a ler as histórias de Sherlock Holmes, interroguei-me acerca da existência, ou não, da tal Baker Street, a rua onde o herói residia. Quando vim a saber que sim, a minha curiosidade passou a ser mais detalhada: então e o nº 221-B? Como seria?
Mas afinal não havia qualquer mistério, pois no tempo de Conan Doyle a rua acabava muito antes e o problema não se punha. Só que, com o decorrer dos anos, não só passou a existir esse Nº 221, como muitos outros prédios se lhe seguiram.
Foi, pois, com um misto de curiosidade e emoção que, da última vez que fui a Londres, me dirigi a essa zona. E qual não foi a minha surpresa quando vi que tudo em volta estava feito para tirar partido do mito - nomeadamente o comércio de recordações, como é típico dos ingleses, que sabem dar valor ao que têm.
Mas a surpresa maior ainda estava para vir:
Pouco adiante do verdadeiro 221, tinha sido «feita» a casa de Sherlock Holmes! Exactamente! Uma verdadeira casa vitoriana fora convertida em casa-museu, com tudo (mas absolutamente tudo) o que se possa imaginar, desde uma senhora vestida de Sra. Hudson (a governanta do detective, que me recebeu!) até aos inúmeros objectos referidos na obra - incluindo o inevitável violino!
Na altura, ainda em Portugal não estávamos a viver a incrível rábula da Casa de Garrett, «100% simétrica» desta; de contrário, o fenómeno seria um bom mistério para colocar ao famoso detective.
Mas também convém ter algum realismo: movendo-se Sherlock Holmes sempre no mundo da lógica, será que algum dia conseguiria resolver esse estapafúrdio problema tão português?
Publicado no jornal "metro" em 9 Janeiro 2006 (com os cortes indicados em itálico). Uma versão mais completa foi publicada ontem, dia 13, no PÚBLICO/Local.
Texto amavelmente disponibilizado por Carlos Medina Ribeiro, a quem agradecemos.
Outros textos do autor podem ser encontrados aqui: www.janelanaweb.com/humormedina/cartas99.html.
2 Comments:
Muito obrigado pela transcrição do texto.
Ab
CMR
O texto que amavelmente afixaram foi ontem publicado no «Público/Local-Lisboa» completado com o seguinte:
MAS NEM SEMPRE os portugueses são assim lestos em matéria de demolições como o estão a ser nesse triste caso.
Repare-se, por exemplo, no que sucede com o famigerado Prédio Coutinho (em Viana do Castelo) e com as casas de férias que, escandalosa e impunemente, ocupam, há anos e anos, zonas protegidas e do domínio público um pouco por todo o país.
Como se sabe, no Algarve apenas foram demolidos, em 2006 e ao contrário do prometido, três apoios-de-praia! As restantes construções, que já deviam há muito ter sido convertidas em entulho (a expensas, evidentemente, de quem andou este tempo todo a gozar connosco), lá continuam - e continuarão, pelo menos até 2007, período para o qual já está previsto “muito diálogo”, à boa maneira de Guterres.
*
UMA ÚLTIMA sugestão: dado que o aniversário de Almeida Garrett se comemora no próximo dia 4 de Fevereiro, talvez seja possível, em sua homenagem, deixar em pé qualquer coisinha.
Não, não seria preciso muito! Só um ou dois palmos de parede (se possível branquinha…), que deve ser suficiente para que “aqueles que nós sabemos” possam lá ir nesse dia limpar, nela, as mãos - pelo serviço que prestaram à Cultura e ao país.
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