Wednesday, April 12, 2006

Casas onde, em Lisboa... (5)

Nos mês de Setembro realizaram-se, em casa de Paulo Midosi, no largo do Pelourinho, os ensaios da sua tragédia Catão, cuja primeira representação, no teatro do Bairro Alto, teve lugar em 29 de Setembro.
Foi nessa récita que o poeta se apaixonou por D. Luísa Cândida Midosi, com quem, pouco tempo depois, a 11 de Novembro de 1822, se consorciava.
Naquela época residia, em Lisboa, numa casa que é assim indicada pelo seu biógrafo: «Regressando a Lisboa (vindo de Coimbra, onde fora fazer o exame do 5.º ano jurídico), ainda nesse mês de Novembro, aí fixou definitivamente a sua residência, indo morar numa casa próximo à calçada do Garcia, que pegava com a que vinte ou trinta anos depois se denominou da baronesa da Regaleira.»
Em Setembro e Outubro foi esta casa mobilada, para lá se instalarem os noivos.
Nela se conservou até 9 de Junho de 1823, data em que embarcou para Inglaterra, para fugir às perseguições dos absolutistas, em seguida à Vilafrancada.
Dali regressou, pouco tempo depois, em 23 de Agosto, encarregado, talvez, de qualquer missão secreta dos liberais a esta cidade, onde ficou, sob a vigilância da polícia.
E logo, em 2, não se lhe dando tempo para descansar das fadigas da viagem, era desterrado de Portugal, embarcando, para Inglaterra, nesse mesmo dia.
No estrangeiro residiu, durante alguns anos, ora em Inglaterra, ora em França, até que, em princípios de Julho de 1826, regressou a Lisboa, por deferimento favorável de um requerimento de sua esposa, apresentado à Infanta Regente, D. Isabel Maria.
Não sabemos para onde teria vindo morar na capital.
Porém, em Maio de 1827, por uma carta que dirigiu, em 10 daquele mês, ao futuro Marquês de Sá da Bandeira, sabemos que, nesta época, alugara casa em Campolide, na travessa da Conceição.
Aqui reproduzimos esse interessante documento:

Am.º do Coração

Campolide travessa da Conceição
10 de Maio de 1827

O meu estado valetudinário, que empiorou, me obrigou a vir para aqui passar alguns meses: e ainda vou quase todos os dias à cidade, deixei a redacção do chronista a um sujeito em quem tinha alguma confiança.
Vejo agora pela sua carta, que me afligiu vivamente, que ele a não merecia tão inteiramente como eu supus.
Mas agora espero que há-de fazer-me a justiça de acreditar na sinceridade e verdade com que digo isto.
A sua memória deve aparecer tal qual: e sobre isto quero que falemos. Ela está em meu poder na minha casa da cidade
Eu hei-de procurá-lo: mas se o não achar, estimaria que num momento livre aparecesse na Secret.ª de Est.º
Estou verdadeiramente angustiado com este mal-entendu; e tarda-me de lhe falar e de nos explicarmos de viva voz.
Creia que sou deveras e do C.

Seu am.º
J. B. da S. L. d’Almeida Garrett

Ainda aqui se conservava em 11 de Agosto, pois inscreveu esta data e local na introdução A Elysa do seu poemeto Adozinda. (continua)

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