Tuesday, July 04, 2006

Casas onde, em Lisboa....(10)

No verão de 1840 Garrett e D. Adelaide passaram alguns dias em casa dos Pastores, na quinta da Buraca.
Também neste ano Garrett alugou casa em Campolide, para passar o verão...
De Benfica datou (12 de Maio) os versos da dedicatória do Bernal Francês, que consagrou à sua amada, sob o nome de Adélia.
No começo do ano de 1841 (1) transferiu a sua residência para a rua do Alecrim, n.º 42, que foi aquela em que se conservou maior número de anos.
Poucos meses depois, a 26 de Julho, sofria o poeta o enorme desgosto de perder a mulher, a quem ele mais amou na sua existência de grande amoroso.
No ano de 1841, em Maio, Agosto e Outubro, residiu, temporariamente, na já mencionada quinta da Buraca, em Benfica.
No ano seguinte, «encerrada a câmara, fixara-se Garrett, informa Gomes de Amorim, em Campolide, que, com Benfica, participava ainda das suas predilecções campesinas».
Qual seria esta casa, onde o poeta continuou os seus trabalhos para o Romanceiro?
A carta dedicatória do romance O anjo e a princesa, escrito no álbum da Marquesa de Fronteira, está datada de Campolide 2 de Outubro de 1842.
Foi na casa da rua do Alecrim que ele escreveu essa jóia do teatro romântico, o Frei Luís de Sousa».
Após a revolta de Almeida (1844) houve numerosas prisões políticas e buscas domiciliárias a pessoas suspeitas de partidários dos vencidos, ordenadas pelo governo. Garrett escapou à prisão refugiando-se em casa do Ministro do Brasil, António de Menezes Vasconcelos de Drummond.
Porém a sua casa da rua do Alecrim foi assaltada e revistada pela polícia, como refere Gomes de Amorim: «Revolveram-lhe a casa toda, arrombaram-lhe as gavetas, sequestraram-lhe os papéis, e até (oh! política!...) obrigaram a sair da cama, onde estava gravemente doente, a filhinha do imortal poeta! Abriram-lhe os colchões e enxergões com as baionetas, em procura de provas de cumplicidade revolucionária, que não apareceram, e que seus inimigos não ousaram forjar!»
No seu discurso de 19 de Outubro, em que protestou contra as violências de que fôra vítima, afirmou que a sua casa «fôra assaltada três vezes pelos esbirros da polícia».
Foi ainda nesta casa que o insigne escritor escreveu as Viagens na Minha Terra e o prefácio do Arco de Sant’Ana.
Não sabemos a data precisa em que Garret se mudou daqui para o Pátio do Pimenta, n.º 13-F.
Em Julho de 1846 residia nesta casa, onde o procurou o seu dedicado biógrafo, regressado, há pouco, do Brasil.
Nela se encontrou com o «Duque de Palmela, Mouzinho de Albuquerque e várias das notabilidades políticas que influíram nos destinos da nação portuguesa». (continua)

(1) Por ocasião do baptismo da filha, em 15 de Março de 1841, morava ainda na rua da Barroca.

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