Wednesday, July 05, 2006

Os últimos dias de Garrett (9)

O poeta havia-se confessado, a pedido seu, em uma das ocasiões que se achou pior; mas tornando a sentir algum alívio, disse-me que se não considerava bem confessado, e que precisava fazê-lo de novo, melhor e mais devagar. Tornou porém a logo piorar, e eu, temendo que de futuro se me imputassem as faltas que pudessem ocorrer, não por minha culpa, mas pela dos que depois seriam os primeiros a acusar-me, tomei a deliberação, de acordo com Gonçalves, de chamar um confessor; mas para não fazer sentir brutalmente ao enfermo que já nada havia a esperar, lembrei-me de que ele tinha muita predilecção por um venerável eclesiástico, confessor das religiosas Salesias, e fui pedir a este, por intervenção do sr. D. Pedro Moscoso, que fosse, a título de visita, ver se Garrett queria confessar-se-lhe.
O excelente homem logo se meteu comigo na sege, e partimos. À chegada a casa, escondi-me, e deixei entrar o padre. Este penetrou no quarto do doente, que o abraçou, e creio que logo adivinhou tudo, porque mandou sair no mesmo instante as duas santas irmãs de caridade, que eu tinha reclamado para o tratarem, e começou a confissão. (continua)

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