Wednesday, July 26, 2006

Casas onde, em Lisboa... (11)

No verão de 1848 esteve Garrett, no Dafundo, em casa da família Palha (palácio que parece ter pertencido ao diplomata Marco António de Azevedo Coutinho e onde habitou Beckford), onde compôs a comédia O noivado no Dafundo ou cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso, que ali foi representada por amadores.
No começo do ano de 1849 mudou-se da casa da rua do Alecrim para a rua do Salitre, n.º 180, de que era senhorio Francisco Carlos Botelho Moniz.
O seu biógrafo assim a descreve:
«Era prédio pequeno, independente, que ainda conserva a mesma fisionomia, com as suas três janelas de frente no primeiro andar, grades de ferro nas duas do rés-do-chão e o velho portão ao centro».
E continua:
«A casa agradara por ter quintal. O poeta amava as flores, quase tanto como as mulheres; e gostava que estas dessem voto acerca da escolha e disposição daquelas. Com a sua habilidade, não era difícil consegui-lo. O quintal da rua do Salitre fôra ajardinado com gosto, porque o tinha, e muito, a pessoa que me disseram ter sido autora do plano: gosto, inteligência, e vaidade, sobretudo vaidade, que é a razão suprema de muitas mulheres, e que, apesar de ser defeito, por acaso as leva muitas vezes a fazer coisas boas. Nesse vergel miniatura passavam-se manhãs deliciosas: ali almoçavam muitas vezes, discutindo flores, que então abundavam em Lisboa, e lembrando nomes de que as tinha para se pedirem. Duas dúzias de arbustos encheriam o terreno...;
Para o Porto pedia-as a Gomes Monteiro e o próprio Gomes de Amorim as solicitava para o Brasil. (continua)

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