Casas onde, em Lisboa... (11)
No verão de 1848 esteve Garrett, no Dafundo, em casa da família Palha (palácio que parece ter pertencido ao diplomata Marco António de Azevedo Coutinho e onde habitou Beckford), onde compôs a comédia O noivado no Dafundo ou cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso, que ali foi representada por amadores.
No começo do ano de 1849 mudou-se da casa da rua do Alecrim para a rua do Salitre, n.º 180, de que era senhorio Francisco Carlos Botelho Moniz.
O seu biógrafo assim a descreve:
«Era prédio pequeno, independente, que ainda conserva a mesma fisionomia, com as suas três janelas de frente no primeiro andar, grades de ferro nas duas do rés-do-chão e o velho portão ao centro».
E continua:
«A casa agradara por ter quintal. O poeta amava as flores, quase tanto como as mulheres; e gostava que estas dessem voto acerca da escolha e disposição daquelas. Com a sua habilidade, não era difícil consegui-lo. O quintal da rua do Salitre fôra ajardinado com gosto, porque o tinha, e muito, a pessoa que me disseram ter sido autora do plano: gosto, inteligência, e vaidade, sobretudo vaidade, que é a razão suprema de muitas mulheres, e que, apesar de ser defeito, por acaso as leva muitas vezes a fazer coisas boas. Nesse vergel miniatura passavam-se manhãs deliciosas: ali almoçavam muitas vezes, discutindo flores, que então abundavam em Lisboa, e lembrando nomes de que as tinha para se pedirem. Duas dúzias de arbustos encheriam o terreno...;
Para o Porto pedia-as a Gomes Monteiro e o próprio Gomes de Amorim as solicitava para o Brasil. (continua)
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