Tuesday, May 30, 2006

Garrett na Feira do Livro (sugestões)









Frei Luís de Sousa e Viagens na Minha Terra
Edições Caixotim
Pavilhão 188













Garrett teatro
João Osório de Castro
Publicações D. Quixote
Pavilhões 64-69












O Essencial sobre Almeida Garrett
por Ofélia Paiva Monteiro
Imprensa Nacional - Casa da Moeda
Pavilhões 78 e 81






















Folhas Caídas
e
Antologia do Romanceiro
introd. e org. de Maria Ema Tarracha Ferreira
Edições Ulisseia
Pavilhão 45

Monday, May 29, 2006

Casas onde, em Lisboa... (8)

Em meados de Junho de 1836, depois da sua exoneração de Ministro de Portugal na Bélgica, chegou de Londres e foi residir na rua do Arco do Bandeira, n.º 15.
Uma carta de Garrett, dirigida ao seu amigo José Gomes Monteiro, reproduzida, a pág. 200 do vol. 2.º das Memorias de Gomes de Amorim, datada de 17 de Junho, foi escrita desta casa.
«Pouco antes do outono de 36, escreve o mesmo biógrafo, mudava o nosso autor a sua residência da rua do Arco do Bandeira para a casa do pátio do Pimenta, que fica à esquerda, entrando, com um jardinzinho do lado de oeste, e tem o n.º 13-A».
Nesta casa (curiosa coincidência) habitou, mais tarde, a Viscondessa da Luz, uma das inspiradoras, senão a única, das belas poesias da sua colectânea Folhas Caídas.
António Nunes dos Reis, amigo e procurador do poeta, entre os diversos esclarecimentos que, sobre Garrett, forneceu a Gomes de Amorim, informou o seguinte a respeito desta habitação: «Casa pequena, mas bonita, contornada com arbustos e flores, tendo uma linda vista sobre o Tejo... Lá estava... senhora interessante, que muito amava Garrett, e ele não menos estremecia por ela».
Esta formosa senhora era D. Adelaide Pastor, filha do negociante João António Lopes Pastor e de D. Jerónima Deville. Apesar de não serem casados, o que não era possível visto que o poeta estava separado amigavelmente de sua legítima esposa, D. Luísa Cândida Midosi, ali os visitavam os pais e a irmã de D. Adelaide.
Ouçamos o biógrafo: «Adelaide fazia as honras (da casa), quando havia visitas: e a todos encantava com a sua graça amável e maneiras insinuantes. Dotada de singular inteligência, cultivava-a com muito tacto e gosto. E reunia aos dotes adquiridos pelo estudo, e às boas qualidades, as virtudes que mais encantam os homens. Garrett amou-a com esse firme, sereno e leal afecto que nasce da estima que nos inspiram os bons sentimentos e o carácter da pessoa amada, amor, que todos os dias se fortifica -- em vez de enfraquecer-se com o tempo, como acontece às paixões exclusivamente filhas do entusiasmo. Essa afeição pura, ia quase dizendo casta e religiosa, sobreviveu ao objecto amado, tendo sido consagrada pelo nascimento de dois filhos e de uma filha idolatrada, única que ainda hoje vive».
Foi nesta casa que nasceu o primeiro daqueles filhos, Nuno, a 25 de Novembro de 1837, e nela veio a falecer a 9 de Fevereiro de 1839.
Dias depois deste infausto acontecimento foi, segundo informa o biógrafo, passar alguns dias a casa do seu amigo José Augusto Correia Leal, oficial da secretaria das Cortes, na rua do Ouro, à esquina do segundo quarteirão, em número que ele ignorava. Para ali foi, com a mãe, procurar esquecer aquele grande desgosto.
Esta casa do pátio do Pimenta tinha um jardinzinho, onde Garrett tratava, com desvelo, das suas flores, muitas das quais lhe seriam fornecidas, do Porto, pelo seu amigo Gomes Monteiro, a quem, em carta, de 8 de Junho de 1837, as solicitava. (continua)

Silêncio, escuridão.... e nada mais?

O Palácio da Ventura

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formusura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!


Antero de Quental

Saturday, May 27, 2006

Os últimos dias de Garrett (8)

Foi na minha casa da travessa do Forno, naquela casa Dantesca tão amada do poeta, que os dois se tinham encontrado haveria pouco mais de um ano e meio. Apresentei Gonçalves, e ainda hoje me lisonjeio de o ter feito, pelos muitos e bons serviços que este excelente amigo e espirituoso conversador prestou depois a Garrett. A sua companhia sempre festejada, foi vivamente reclamada por mim na ocasião em que me vi mais só ao lado do enfermo; porém as suas ocupações prendiam-lhe os dias, deixando-lhe apenas libertas as noites, e essas, não só por pedido meu, como por sua própria dedicação, as consagrou sempre ao doente.
Com este excelente amigo, e como sr. D. Pedro do Rio, consultava eu, algumas vezes, acerca das providências que seria conveniente tomar quando chegasse o doloroso instante. Gonçalves, quando vinha à noite, abria discussão comigo, tomando por tema a primeira palavra que eu proferisse. Fazíamos isto de propósito para entreter o doente, que se animava, tomava calor connosco, e discutia também. Por momentos creio que todos três nos esquecíamos de que no fim dessa viva e algre disputação haveria de menos um grande espírito.
Garrett não podia já deitar-se; estava sentado na cama, rodeado de almofadas e travesseiros, em que descansava o corpo, encostando-se ora para um ora para outro lado. Estava muito magro, e um pouco desmaiado, mas sem fazer grande diferença da sua cor natural. Os olhos conservavam a limpidez e brilho que deviam ter tido aos vinte anos, no vigor da saúde e da mocidade. Nunca se queixou de outro mal senão do que dizia ter no pulmão, coração, ou fígado. Ele não sabia bem onde era a origem. Nunca teve uma dor de cabeça, e nos últimos dias da sua vida exclamava amiudadas vezes: «Hei-de morrer sem me doer esta cabeça! Nem uma leve impressão, uma dor instantânea, uma perturbação, nada!» Efectivamente nunca experimentou nela o mais pequeno incómodo. Somente nos três ou quatro últimos dias que precederam o da sua morte, sentindo-se extremamente fraco, não podia ouvir o ruído das seges que passavam pela rua. Mandei, para amortecer esse ruído, deitar ali algumas cargas de areia, depois de ter para isso pedido a permissão à câmara municipal, que a deu imediatamente, escrevendo-me o seu digno presidente uma carta cheia de sentimento. (continua)

Wednesday, May 24, 2006

Notícias da Casa da Língua, no Brasil.



Dois meses após a inauguração, o Museu da Língua Portuguesa, aberto ao público no dia 21 de março, recebeu nesta terça-feira (23) o 100.000º visitante. Para comemorar a marca, o secretário de Estado da Cultura, João Batista de Andrade, e o diretor do museu, Antonio Carlos Sartini receberam pessoalmente na bilheteria do museu o visitante Luís Celso Perez Affonso, de 45 anos, piloto de avião, natural de Campinas.
Luís Celso e sua namorada Sônia Regina aproveitaram esta segunda-feira em São Paulo para conferir de perto o Museu, do qual, ressalta, “ouvi muita informação e realmente fiquei curioso”.
Apesar da emoção de ser o centésimo milésimo visitante, Luís Celso ainda não acreditava. “Pensei que fosse pegadinha”, brinca. “Mas estou muito feliz, pois o museu é uma forma inovadora de apresentar a nossa língua”. Disse ainda que teve sorte, pois antes de ir para a bilheteria adquirir os ingressos, ele a namorada tiraram várias fotos da fachada do museu, o que resultou no tempo exato para a compra do ingresso de número 100.000.
O Museu da Língua Portuguesa encheu os olhos do piloto. Achou tudo maravilhoso. Durante a passagem pela exposição Grande Sertão: Veredas, baseado na obra de Guimarães Rosa, achou tudo muito original, devido ao caráter interativo da exposição.
O sortudo visitante recebeu das mãos do secretário João Batista de Andrade uma credencial permanente para visitar o museu; o Passaporte da Virada Cultural, que dará direito a visitar todos os museus do Estado até o final do mês; ingressos para a ópera I Capuleti e I Montecchi, no Theatro São Pedro; e ingressos para um concerto da Osesp na Sala São Paulo.

Friday, May 12, 2006

Casas onde, em Lisboa.... (7)

Aqui residiu num quarto do Palácio dos Condes de Almada, ao Rocio, como consta do seguinte documento, que encontramos no Arquivo Histórico Militar: «Ministério da Guerra. 3.ª Repartição. 2.ª Secção. Illmo. E Exmo. Snr. Querendo Sua Majestade Imperial o Duque de Bragança, Regente em Nome da Rainha, dar outro destino ao Quartel que actualmente ocupa o Coronel Romão José Soares, Comandante do Batalhão de Caçadores N.º 2: Determina o mesmo Augusto Senhor que V. Ex.ª lhe mande aprontar outro Quartel com todas as acomodações necessárias, lembrando de preferência o Quarto do Palácio do Conde de Almada onde esteve o oficial da Secretaria de Estado dos Negócios do Reino João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrete (sic), que se acha desocupado e com escritos. Deus Guarde a V. Ex.ª Paço de Queluz, em 11 de Julho de 1834. Agostinho José Freire. Snr. Carlos Frederico de Caula».
Nesta casa se reunia a Comissão de reforma dos estudos, para que Garrett havia sido nomeado vogal-secretário por decreto de 2 de Novembro de 1833.
Tendo sido nomeado encarregado de negócios junto ao governo de S. M. El-Rei da Bélgica, em 14 de Fevereiro de 1834, ali fez leilão do recheio da sua casa, como consta do seguinte anúncio, publicado na Chronica Constitucional de Lisboa, n.º 122 de 24 de Maio: «O Encarregado de Negócios de Portugal em Bruxelas, devendo partir imediatamente para o seu destino, faz leilão, terça-feira, 27 do corrente, às 11 horas na sua residência, palácio do Conde de Almada, ao Rocio, de toda a sua mobília, prata, painéis, roupa de casa, bronzes e uma livraria escolhida». (continua)

Os últimos dias de Garrett (7)

A par deste procedimento, de pessoas que não devo nem posso nomear, folgo de registar outro bem diverso, tido por amigos sinceros de Garrett, dos que se comprazem na modéstia, que se pejam de aparecer nos momentos da prosperidade, mas que nunca faltam nos dias da amargura. Para glória das letras e das artes, foram escritores e artistas, isto é, os homens de coração, que mais vezes se me ofereceram para ficar comigo à cabeceira do doente, ou ainda para maiores sacrifícios. Não aceitei, porque não dependia isso da minha vontade, mas não posso deixar de mencionar aqui dois nomes, para satisfação das duas classes. Começarei pelo artista, que já morreu, e que cito de propósito para honrar a sua memória, e a arte que ele professava. Era Epifânio Aniceto Gonçalves, homem de grande alma e grande talento, que um governo de tacanhos se divertiu a desconsiderar e humilhar nos seus últimos anos de vida, sem que a boca do actor ilustre soltasse nunca a menor queixa.
O outro era o Sr. Rodrigo José de Lima Felner, escritor tão modesto quanto erudito, por quem Garrett conservava antiga amizade do tempo em que o tivera por seu secretário no Conservatório.
A única pessoa, depois de mim, que não foi escusada pelo doente, era um amigo de pouco tempo, mas provado já por muitos incómodos, impertinências e trabalhos que o poeta lhe tinha dado. Ao sr. Manuel José Gonçalves cabe uma grande parte na triste honra de acompanhar, em seus últimos momentos, o grande poeta português de quem escrevo a história. (continua)